Por maioria de votos, o Plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
aprovou, na sessão administrativa desta quinta-feira (27), um
procedimento especial para garantir a segurança em determinadas áreas do
município do Rio de Janeiro-RJ a partir do próximo domingo (30),
portanto, uma semana antes das eleições. Este procedimento especial das
Forças Armadas, chamado de Garantia de Lei e Ordem (GLO), vai consistir
na atuação de contingentes do Exército e da Marinha para garantir o
acesso de funcionários da Justiça Eleitoral, candidatos e eleitores a
regiões que ainda não foram pacificadas.
Segundo o plano elaborado pelo Ministério da Defesa e o TSE, serão
empregados fuzileiros navais no conjunto de favelas que forma o Complexo
da Maré. Já os militares do Exército vão atuar na segurança em bairros
da Zona Oeste da cidade. A presença das tropas se dará durante o dia (8h
às 18h) e a população será avisada de que a ação tem o objetivo de
garantir o exercício do processo eleitoral e não para fins de
pacificação.
De acordo com a presidente do TSE, ministra Cármen Lúcia Antunes
Rocha, o procedimento especial não está previsto no convênio firmado
pela Corte com o Ministério da Defesa. Por isso, desde que o pedido de
reforço da segurança foi feito ao TSE, foi formada uma comissão composta
por representantes da Justiça Eleitoral, do Ministério da Defesa e do
governo do Rio de Janeiro. A ministra Cármen Lúcia explicou que no caso
do uso do sistema GLO é enviado ofício à Presidência da República para
autorizar o envio das tropas por período superior ao normal (dia das
eleições) e são alocados recursos específicos para a operação.
Aprovado no TSE, o pedido de requisição de força federal para o Rio
de Janeiro vai agora para a presidenta da República, Dilma Rousseff,
para confirmação. Se aprovado pela presidenta da República, a decisão
será encaminhada ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da
Presidência, que passará a informação, por sua vez, ao Ministério da
Defesa para as devidas providências.
Durante o período em que as tropas estiverem nas comunidades,
funcionários da Justiça Eleitoral irão atuar para combater eventual
propaganda irregular e os candidatos poderão fazer campanha. A atuação
das tropas federais no Rio de Janeiro termina no final da apuração, no
domingo, dia 7. Na sessão desta quinta também foi aprovado o envio de
tropas federais, mas somente para o dia da eleição, para os municípios
de Magé, São Gonçalo, Itaboraí, Rio das Ostras, Cabo Frio, Campos dos
Goytacazes e Macaé.
O ministro Marco Aurélio divergiu por considerar impróprio abrir
exceções à regra, que é o envio de tropas somente para atuar no dia da
votação.
Reunião com ministro da defesa
Nesta quinta-feira (27) pela manhã, a presidente do TSE, ministra
Cármen Lúcia Antunes Rocha, e o ministro da Defesa, Celso Amorim,
reuniram-se para tratar da situação de apoio à segurança no Rio de
Janeiro em relação às Eleições 2012. O encontro ocorreu no Gabinete da
Presidência, no TSE.
“Tanto o TRE-RJ quanto o TSE querem que as pessoas possam,
livremente, se expressar - quer os candidatos quer os eleitores -
garantindo-se a liberdade democrática que vivemos no Brasil”, afirmou a
ministra Cármen Lúcia, durante entrevista a jornalistas após o encontro.
Já o ministro Celso Amorim ressaltou que ele e a ministra Cármen
Lúcia acertaram o esquema que será utilizado para o pleito e para os
dias finais de campanha em relação a determinadas áreas no Rio de
Janeiro. Na ocasião, o ministro lembrou que o envio de tropas para o Rio
de Janeiro ainda dependia da autorização do Plenário do TSE.
Segundo o ministro da Defesa, será “uma presença ostensiva em lugares
específicos em que isso é necessário, para garantir que haja comícios
com liberdade para os candidatos se apresentarem e para os eleitores
ouvirem”. A ideia, conforme o ministro Celso Amorim, é fazer algo
similar ao que foi feito nas Eleições Municipais de 2008, “com pequenos
ajustes, mas não será inovador”.
Pará
Para o Pará, foi autorizado o envio de força federal para os 28
municípios a seguir: Cameta, Breves, Vitória do Xingu, Monte Alegre,
Moju, Oriximiná, Oeiras do Pará, Mãe do Rio, Aurora do Pará, São
Domingos do Capim, Augusto Corrêa, Itupiranga, Curionópolis, Rio Maria,
Mocajuba, Porto de Moz, Ulianópolis, Tailândia, Nova Ipixuna, Bom Jesus
do Tocantins, Bagre, Curralinho, Anajás, São Sebastião da Boa Vista,
Brasil Novo, Dom, Melgaço e Abaetetuba.
Tocantins
Por sua vez, os ministros do TSE decidiram, por maioria de votos (6 X
1), que as tropas federais serão enviadas para assegurar a normalidade
das eleições e a apuração do resultado do pleito nos municípios
tocantinenses de Ananás; Araguanã; Riachinho e Xambioá.
A relatora do pedido, ministra Nancy Andrighi, havia concedido o
envio de tropas na semana anterior a eleição e para o dia das eleições,
mas ela ficou vencida. “Não vi nenhuma justificativa para deferir esse
pedido de antecedência”, disse a ministra Laurita Vaz, que teve o voto
seguido pelos colegas.
Alagoas
Os ministros também negaram o pedido de envio de forças federais para
os municípios de Rio Largo e Estrela de Alagoas, no Estado de Alagoas.
Eles levaram em conta o fato de o governador do Estado, Teotonio Vilela,
garantir ter condições de assegurar a normalidade do pleito nas duas
cidades.
Sergipe
O TSE também negou a remessa de força federal para o município de Laranjeiras, em Sergipe.
Rio Grande do Norte
A presidente do TSE, ministra Cármen Lúcia, solicitou vista do
processo em que o Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Norte
(TRE-RN) requisitou forças federais para 111 municípios do Estado no dia
da eleição. A ministra disse que vai pedir informações à corte regional
sobre essa necessidade.
O pedido de vista da ministra Cármen Lúcia ocorreu após a relatora do
processo, ministra Laurita Vaz, votar pela aprovação do envio de força
federal para os 111 municípios potiguares, que equivalem a 70% das
localidades do Estado.
A ministra Cármen Lúcia e o ministro Marco Aurélio mostraram-se
bastante preocupados com o elevado número de pedidos de tropas federais
encaminhados por alguns TREs para assegurar a normalidade da votação em
diversos municípios.
“A eleição é um dia de normalidade democrática por excelência. É até
um exemplo, um modelo. Há mais pessoas nas ruas, há a necessidade de
maior garantia de ordem pública, mas não a esse ponto”, disse a
ministra.
Antes do pedido de vista da presidente do TSE, indeferiram a
solicitação feita pelo TRE potiguar os ministros Marco Aurélio, Dias
Toffoli e Nancy Andrighi.
Balanço
Com as autorizações desta quinta-feira, o Plenário do TSE já aprovou o
envio de forças federais para 143 municípios, localizados em 9 Estados
brasileiros (Amazonas, Amapá, Alagoas, Maranhão, Pará, Paraíba,
Tocantins, Sergipe e Rio de Janeiro).
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