Voltei pela manhã do dia seguinte e ele já estava à minha espera; depois dos cumprimentos de praxe, não se lembrava mais de mim, o que era uma coisa muito natural, o político mantém muitos contatos, diariamente. Iria para a cidade e ofereceu-me carona; um DKV Vemag da cor cinza, já estava à sua espera na saída da garagem, sentou-se no banco da frente e um ex-ajudante de ordens no banco traseiro ao meu lado. Com o carro em marcha, inicia a conversa e, aos poucos começo a participar da mesma.
O trânsito estava engarrafado, e o papo foi evoluindo naturalmente até que eu recito um trecho de um discurso feito em Cataguazes, numa festa de formatura, que passa a receber a sua atenção. Ora mudava de posição, mas cada vez mais atento. Ele tinha o gosto da palavra, tanto é que quando recebia um discurso para ser lido e não agradava, mandava "espalhar umas borboletas entre os parágrafos". Quando terminei, ele se volta para a posição normal e com o polegar levantado, indaga: "Eu tenho isto lá em casa?" Fiquei um tanto um tanto embaraçado, dizendo que não sabia, mas que poderia arrumar um exemplar. Ele diz: "Gostaria de ler".
Já em Botafogo, o carro parou, ele se dirigiu para uma casa de saúde, para ver a filha e ordenou ao motorista que me levasse. Agradeci e fiz um convite:"Presidente! Que tal um baile em Miracema na companhia de uma moça bonita?" Fiquei uma semana sem dormir. Ele fechava os olhos e deu um sorriso de satisfação:"Marca o dia que eu vou lá."
Já no ponto de ônibus fui abordado pelo choffer do ex-presidente, que indagou: "Quem é você?" Identifiquei-me. Mudou o tom da conversa e disse-me "Você tem que voltar novamente aqui, nunca vi o homem tão alegre e satisfeito desde que voltou para cá. Macio, jeitoso, simplório, despede-se renovando o convite. Volta aqui para conversar. Eu respondo: "Voltarei, pode deixar".
Texto escrito por Maurício Duarte Monteiro, advogado, ex-presidente da OAB-MIRACEMA, memorialista e autor de livros históricos.
O trânsito estava engarrafado, e o papo foi evoluindo naturalmente até que eu recito um trecho de um discurso feito em Cataguazes, numa festa de formatura, que passa a receber a sua atenção. Ora mudava de posição, mas cada vez mais atento. Ele tinha o gosto da palavra, tanto é que quando recebia um discurso para ser lido e não agradava, mandava "espalhar umas borboletas entre os parágrafos". Quando terminei, ele se volta para a posição normal e com o polegar levantado, indaga: "Eu tenho isto lá em casa?" Fiquei um tanto um tanto embaraçado, dizendo que não sabia, mas que poderia arrumar um exemplar. Ele diz: "Gostaria de ler".
Já em Botafogo, o carro parou, ele se dirigiu para uma casa de saúde, para ver a filha e ordenou ao motorista que me levasse. Agradeci e fiz um convite:"Presidente! Que tal um baile em Miracema na companhia de uma moça bonita?" Fiquei uma semana sem dormir. Ele fechava os olhos e deu um sorriso de satisfação:"Marca o dia que eu vou lá."
Já no ponto de ônibus fui abordado pelo choffer do ex-presidente, que indagou: "Quem é você?" Identifiquei-me. Mudou o tom da conversa e disse-me "Você tem que voltar novamente aqui, nunca vi o homem tão alegre e satisfeito desde que voltou para cá. Macio, jeitoso, simplório, despede-se renovando o convite. Volta aqui para conversar. Eu respondo: "Voltarei, pode deixar".
Texto escrito por Maurício Duarte Monteiro, advogado, ex-presidente da OAB-MIRACEMA, memorialista e autor de livros históricos.
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