sexta-feira, 16 de maio de 2008

MAIS UM ESPECIALISTA CONDENA PLANTAÇÃO DE EUCALIPTO


O professor gaúcho Mauro Schumacher, coordena uma pesquisa inédita no Rio Grande do Sul. A pesquisa objetiva estudar a água, o solo, os nutrientes do solo em locais onde há plantação de árvores exóticas. Em entrevista a um blog especializado em ecologia, ele condenou a plantação do eucalipto.


Mauro Schumacher é engenheiro florestal pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), com mestrado em Ciências Florestais, pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, e doutorado em Ecologia e Nutrição Florestal, pela Universität Für Bodenkultur, na Áustria. Atualmente, é professor da UFSM. É autor de inúmeros livros que tratam de florestas, tais como A floresta e a água (Porto Alegre: Pallotti, 1998), A floresta e o solo (Porto Alegre: Pallotti, 1999) e A floresta e os animais (Porto Alegre: Pallotti, 2001).


Confira aqui algumas das respostas dadas por ele à entrevista. Importante esclarecer que o mesmo processo de incentivo à cultura do eucalipto que está acontecendo no Noroeste Fluminense e em Miracema, ocorre também no Rio Grande do Sul:


"Então, o que eu vejo é o seguinte: a silvicultura é uma realidade, como temos a agricultura. Percebo a silvicultura como uma maneira de tanto pequenas quanto grandes empresas obterem uma fonte econômica que renda e traga algum ganho financeiro."


"O nosso objetivo desde o começo, na universidade e como pesquisador na área de ecologia florestal, é entender o que acontece, por exemplo, quando transformamos um campo nativo, um campo alterado, numa plantação, ou seja, na silvicultura. Percebemos que tanto no pínus quanto no eucalipto há uma lavagem. Esse conjunto de árvores funciona como uma espécie de filtro na atmosfera e, na medida em que chove, os gases, essa poeira, esses aerossóis, são arrastados para o solo. Então, esses elementos são integrados e passam circulando no interior desse plantio. Claro que isso acontece diferentemente de como ocorre numa mata nativa, onde temos vários extratos. Ou seja, trata-se de uma complexidade diferenciada. A volta de nutrientes dentro da mata nativa é bem maior do que, por exemplo, do que numa plantação. Nós vamos para o terceiro ano de pesquisa e já temos alguns resultados, mas, quando chegarmos ao sétimo ano, que é o momento do corte do eucalipto, saberemos o que há de nutrientes armazenados nas folhas, nos galhos, na casca, na madeira, nas raízes do eucalipto. Só depois poderemos fazer um levantamento de reposição nutricional a tal ponto que poderemos assegurar a capacidade reprodutiva daqueles solos, ou seja, pensando no seu aspecto fertilizante. Esse tipo de estudo também é desenvolvido na Austrália, na África do Sul, em São Paulo e em Minas Gerais, mas a parte de solução, de monitorar o que está descendo pelo solo, é inédita."




3 comentários:

Anônimo disse...

Pelo q me parece na entrevista, a pesquisa ainda não terminou, o que ocorrerá somente daqui a 4 anos, quando se dará o corte dos eucaliptos, e partir daí o estudo dos nutrientes presentes em cada parte da cadeia de todo o processo produtivo.
Por que não tentarmos uma consorciação do eucalipto com outras espécies nativas. Pode ser uma solução. Abçs.

Unknown disse...

Quem leu viu que a opinião do autor do artigo é contrária ao eucalipto ou outra plantação exótica no lugar de floresta nativa. No caso de Miracema onde se incentiva o plantio onde não existe vegetação nativa os estudos dizem que o plantio de qualquer espécie é benéfico. O eucalipto ainda serve de alternativa para lenha ou outro produto que acaba preservando as pequenas áreas de mata que ainda temos.

Anônimo disse...

A opinião apresentada pelo Toninho é a opinião de muitos estudiosos, mas é um tema controverso e como mostra a entrevista, ainda inconclusivo do ponto de vista ambiental.