segunda-feira, 27 de agosto de 2007

A ÚLTIMA MORADA - DILCÉA BARROS POEYS


Normalmente, a vida segue sempre para um fim determinado. Porém, quando se chega ao fim da linha, vemos que o sofrimento nosso é igualzinho ao de todos e damos conta dos sofrimentos alheios não passado por nós.

No último dia 4 de agosto, marco de sofrimento pela perda de meu pai, vi que em nossa Miracema não existe a última morada. Entre lágrimas e desespero, procurei um pedaço de chão para meu doce e velho companheiro pai. Entretanto, tomei conhecimento de que não existe espaço no solo do cemitério de Miracema para novas covas. Soube também que, ao fim de cinco anos, nossos entes queridos sepultados serão desalojados da "gaveta" ofertada pelo Município.

É nesse instante, quando ainda estamos no auge da dor, que começa o comércio de túmulos. É um verdadeiro leilão. Pessoas aparecem oferecendo covas e mesmo túmulos a elas pertencentes, a preços variados, oscilantes, dependendo do poder aquisitivo de quem precisa de um espaço desse.

Que tristeza não ter chão para viver eternamente em nossa cidade! Será que teremos que optar em construir a nossa "última morada" no cemitério de Venda das Flores ou Paraíso do Tobias? Lógico que é um enorme orgulho pertencer ao chão tão amigo e terra de pessoas tão distintas como as de Paraíso e Flores. Entretanto, temos direito de sermos sepultados num pedaço de chão da nossa querida terra, Miracema.

Quando viemos ao mundo, nos foi dado um teto, um calor humano. Na fase final de nossas vidas, não pode existir tamanho descaso. Nascemos, crescemos, vivemos e queremos continuar no solo de Miracema. Queremos nossa última morada aqui, para não sofrermos autêntica ação de despejo de nossos restos mortais depois de cinco anos.

Precisamos de alguém, talvez o chefe do poder Executivo Municipal, que escute o apelo de quem não quer ser despejado, de alguém que é miracemense e que, perto das terras de Dona Ermelinda, consiga, não um pau que brota, mas, sim, uma morada eterna.

É um apelo às autoridades competentes: dêem chão, para que a alma suba e tenha paz por estar no solo miracemense


(texto de autoria da advogada miracemense Dilcéa Barros Poeys)


Um comentário:

Anônimo disse...

José,

Há boatos de que o prefeito tem intenção de construir um outro cemitério...