terça-feira, 2 de junho de 2020

SEM EQUIPAMENTO DE TOMOGRAFIA COMO MIRACEMA PODE EXAMINAR SEUS PACIENTES DE COVID-19 - Paula Magna

O objetivo desse estudo foi descrever os principais achados tomográficos (imagem encontrada na tomografia computadorizada – TC de tórax) da primeira série de casos brasileira de COVID-19 no Hospital Albert Einstein. Foram reunidos 12 pacientes com diagnóstico confirmado de COVID-19 confirmados por RT-PCR (amostras colhidas da nasofaringe ou orofaringe – região nasal e garganta) e submetidos a TC de tórax.

O Colégio Americano de Radiologia e o Colégio Brasileiro de Radiologia recomendam que a tomografia computadorizada (TC) de tórax seja utilizada em pacientes hospitalizados, com sintomas de pneumonia e indicação clínica específica para isso (critério de gravidade). A TC não deve ser usada para o rastreamento da doença nem como teste de primeira escolha para o diagnóstico de COVID-19.

Embora a TC de tórax ajude no diagnóstico dessa doença, ela não consegue confirmá-la isoladamente e nem excluí-la. O exame chamado RT-PCR é usado como referência, a TC de tórax apresenta alta sensibilidade (97%), porém baixa especificidade (25%) – não é específico para coronavírus, pois os achados radiográficos podem corroborar com outras infecções pulmonares.

As características tomográficas mais observadas foram: opacidades em vidro fosco, em 12 pacientes (100%), pavimentação em mosaico, em 7 (58%), consolidação alveolar, em 4 (335), sinal do halo invertido, em 1 (8%), e derrame pleural, em 1 (8%). Na maioria das vezes, 92% dos pacientes havia envolvimento dos dois pulmões (direito e esquerdo), com predomínio na periferia dos pulmões em 75% dos pacientes. Mesmo os pacientes que não apresentam sintomas (assintomáticos), podem ter achados radiológicos precoce, principalmente se o quadro clínico é composto por TOSSE e FEBRE >37,8ºC.

A resolução das alterações encontradas na radiologia costuma ser lenta, podendo levar 30 dias para aparecer uma imagem limpa e até cicatricial do pulmão.

A radiografia de tórax, raio X, é muito útil no acompanhamento dos pacientes internados, inclusive em UTIs, por ser um exame amplamente disponível, rápido e de baixo custo, que possibilita um monitoramento da extensão do envolvimento pulmonar na doença. 

As principais características tomográficas encontradas nos 12 primeiros pacientes brasileiros avaliados pelo Hospital Albert Einstein são muito semelhantes às que foram encontradas em outros países e estão descritas na literatura científica.

Qual a implicação desse estudo para a população miracemense?

Entender que mesmo sendo escassa a possibilidade de tomografia de tórax no município, não devemos nos preocupar. O acompanhamento clínico dos pacientes com COVID-19 pode e deve ser feito através de radiografia (raio X), guardando a TC apenas para casos graves e com indicação clínica para essa necessidade. Toda a equipe de saúde precisa estar familiarizada com as formas mais comuns de apresentação por imagem da COVID-19, assim como a evolução esperadas dos achados, de modo que possam contribuir para identificação mais precoce dos e, consequentemente, redução das consequências e da taxa de mortalidade da doença.

*Paula Magna de Oliveira Coelho, miracemense, formada em Enfermagem pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, Campus Macaé e Acadêmica de Medicina 9° período na Universidade Federal do Rio de Janeiro - Campus Macaé.

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