Um dos maiores problemas do futebol
brasileiro está na divisão de base, com 90% dos clubes não tendo a estrutura
devida e praticamente formando os atletas com o objetivo principal de vendê-los
para o exterior e cobrir os rombos de seus cofres. São Paulo, Santos,
Internacional, Vitória (BA) e Fluminense, são os clubes que mais revelam
jogadores, em termos qualitativos. A estrutura é fundamental em todos os
sentidos para que o atleta tenha o mínimo de condições de dar o retorno
necessário. Atlético (MG), Cruzeiro e Atlético PR, possuem centros de
treinamentos de 1º mundo e também fazem um bom trabalho nas categorias de base que
não pode deixar de ser citado.
Desde o início dos anos 2000, o Santos
foi o time que mais aproveitou suas revelações, conseguindo segurar os garotos
por mais um tempo e conquistando títulos importantes. Posteriormente todos
foram vendidos e, mesmo assim, os maus dirigentes não conseguiram colocar as
finanças em dia. O Tricolor carioca revela,
mas acaba usufruindo muito pouco de seus valores, que logo são negociados.
Inclusive, alguns deles saindo direto dos juniores para o exterior.
Sobre o Flamengo, outro time que sempre
revelou jogadores, tem um slogan que virou marca registrada de seus dirigentes
e torcedores: “craque o Flamengo faz em casa”. Já fez muitos e hoje, faz muito
pouco. O bom time que ganhou a Copa São Paulo de Juniores em 2011, é a prova
concreta de que os garotos não conseguem manter o mesmo nível quando são
alçados ao time principal. Vários são os fatores, entre os quais, a necessidade
de lançar os jovens no fogo, geralmente quando o time não vai bem e acabam
queimando as etapas de uma transição que deveria ser gradual e de preferência
sem a exigência de resultados imediatos. O time base do Flamengo campeão de
2011 era o seguinte: César, Alex, Marllon, Frauches e Anderson; Muralha, Lorran
e Adryan; Negueba, Lucas e Rafinha. Quem vingou? Adryan era o nome da vez e hoje está
emprestado a um time pequeno da Itália. Pode-se afirmar que o Renato Augusto,
em 2006, foi a última grande revelação do rubro-negro, e fez a sua melhor
temporada pelo Corinthians em 2015. O Flamengo conquistou mais um título da
Copa São Paulo de Juniores no último mês de janeiro, e novas promessas surgem
para abastecer o time principal.
Os demais cariocas, Vasco e Botafogo,
mergulhados em uma crise sem precedentes, já tiveram seus momentos de glória
revelando jogadores de alto nível. Nos anos 50 e 60, o Glorioso e o Santos
formaram a base da Seleção Bicampeã Mundial em 1958 e 1962. Depois disso, qual
foi o último jogador revelado pelo Botafogo que conseguiu algum destaque? Temos
que voltar aos anos 80 para citar o volante Alemão. No caso do Vasco, que
sempre revelou grandes atacantes, Edmundo foi o último, em 1992. Os mais
recentes, Alex Teixeira e Philippe Coutinho, que jogam na Ucrânia e Inglaterra,
respectivamente, ainda precisam provar algo mais para entrar no seleto grupo de
craques. O Coutinho vive um bom momento no Liverpool e tem sido convocado para
a Seleção.
Outro grave problema na formação do
atleta na base são os "professores" de qualidade duvidosa e a pressão
por parte de alguns times em conquistar títulos, o que é o menos relevante
nesta categoria. Fatores extracampo, mais precisamente os empresários e os pais
dos atletas, com pressões para escalação e a conseqüente visibilidade dos
garotos, acabam prejudicando, no contexto geral, parte da formação técnica do
atleta. Resumindo: está tudo errado! E o
resultado final é o que estamos presenciando, pois os jogadores chegam ao
profissional com vícios e diversas deficiências técnicas, que deveriam ter sido
aperfeiçoadas quando mais jovens. A palavra mais adequada para exemplificar o
que passa na cabeça dos empresários, pais e também dos dirigentes, é a
GANÂNCIA. Todos querem levar algum tipo de vantagem! (texto de Ademir Tadeu, especial para o Blog Miracema, onde ele terá um espaço semanal)
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