ENFIM, VAI TER COPA!

O país vai muito mal nos seus índices e na qualidade do atendimento à saúde, educação, investimento em experiências e tem suas universidades em péssimas condições, sem recursos e largadas à míngua com pires nas mãos. Mas a Copa vai começar, com a suntuosidade de seus palácios da bola, o que o brasileiro ousou chamar de "padrão Fifa", que significa obedecer os melhores projetos, com acabamento "de primeira" e atendimento nos fast food selecionados pelas empresas que administram as "arenas". Não são mais estádios! Acho que perderam a alma...

Nos últimos dias as televisões se rechearam de programas voltados para a Copa, já está cansando, apesar de nem ter começado. Todos eles, meio que combinados, pedem que o povo apoie, que o povo se emocione. Mas acho que nem assim, com toda a mídia televisiva favorável, o povo está empolgado.

O clima é mais frio que o de copas realizadas em outros países. Ninguém animou-se a comprar televisores novos, programar grandes eventos. A grande maioria parece que quer assistir muito aos jogos, mas num clima caseiro e com a família. Esse é o sentimento que tenho a considerar as pessoas que conheço.

O sentimento é de "quase luto". Pois não é simplesmente o desvio perpetrado pela CBF, por meio da FIFA, mas o descaso do Governo Federal com os serviços mais simples que o povo teria direito. É duro você chegar doente numa UPA, modelo de unidade de saúde recentemente implantado no país, para desafogar o chamado sistema e dar de cara com enorme fila, descaso, falta de médicos e de medicamentos. Isso é geral! O Governo Federal disponibiliza recursos mínimos para as prefeituras e essas "fazem o que podem", umas fazem melhor, outras fazem pior.

A revolta é exatamente por isso. Que se gaste com Copa, mas não se alegue falta de recursos para a saúde. O preço do que chamam tabela SUS é vergonhoso. O que se paga por uma cirurgia do tipo cesária é o mínimo do mínimo. E não adianta trazer médico de Cuba, porque não darão conta...

Tenho pena do povo que sofre nos hospitais, nas filas, sem medicamentos, sem atenção e sem carinho.

Hoje, véspera do início do evento o que nos resta, mesmo que em clima de "quase luto" é torcer! Sem o sorriso no rosto, sem a empolgação de quem pretende um novo título mundial...dói dizer isso, mas é a verdade!