quarta-feira, 14 de maio de 2008

NOVO MINISTRO DO MEIO-AMBIENTE DEU ENTREVISTA EXCLUSIVA AO BLOG MIRACEMA


Estamos republicando a entrevista exclusiva que o Ministro Carlo Minc (ex-Secretário de Ambiente do Estado do Rio de Janeiro) deu ao blog Miracema, no dia 18 de junho de 2007. O Rio ganha um novo Ministro, esperamos nós, ganhar algo com isso. Releia o que ele disse naquela ocasião:


BLOG: Como o senhor avalia a possibilidade da implantação da monocultura do eucalipto no Noroeste Fluminense, em cidades, como Miracema, por exemplo?


Carlos Minc: A área rural do município de Miracema – assim como o Noroeste e o Norte do estado – vem sofrendo uma grande degradação do solo, tornando-se uma região semi-árida. Um deserto fluminense está surgindo, e é importante a articulação de ações para se interromper esse processo. A implantação da monocultura apresenta impactos ambientais e sociais que devem ser evitados e neutralizados. Não podemos dar o mesmo tratamento para regiões onde há abundância de Mata Atlântica e sem possibilidade de silvicultura, mas nas áreas em processo de desertificação, deve ser estimulada uma combinação de diversos tipos de silvicultura, fruticultura, agroindústria e recuperação de microbacias, pois trarão ganhos ambientais e sociais.


BLOG: Quais os ganhos que o governo do estado prevê para o Estado do Rio de Janeiro?


Carlos Minc: No caso da Lei do Zoneamento Ecológico-Econômico, idealizada pela área econômica do governo e recentemente sancionada, está havendo polêmica entre setores empresariais e governamentais (incluindo algumas prefeituras), completamente favoráveis à vinda da Aracruz e dos eucaliptos sem restrições, e ambientalistas que se mostram totalmente contrários. Com a nova lei, acredito que os investimentos poderão aumentar, já que empresas privadas estavam investindo em outros estados com legislação mais flexível, como Minas Gerais e São Paulo.


A silvicultura econômica é uma alternativa integrada à agroindústria. Plantações de oleaginosas, seringais e eucaliptos devem estar conectadas com usinas de biodiesel, beneficiamento de borracha, indústrias de móveis e usinas de celulose. A geração de emprego da silvicultura é potencializada pela indústria de transformação, gerando ganhos ambientais, tais como: a captura de carbono e obtenção de créditos pelo reflorestamento de áreas devastadas: uma alternativa para o uso de madeira, evitando-se a destruição da mata nativa; a obrigação legal de plantar 12% a 20% de espécies nativas para cada 100 hectares de silvicultura, dependendo do grau de degradação de cada região; e a reconstituição da biodiversidade e das matas ciliares.


O ZEE possibilitará a combinação dessas atividades com a fruticultura, o fortalecimento da pequena produção e a recuperação ambiental. Existe um importante projeto financiado pela FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), desenvolvido pela Secretaria de Estado da Agricultura com o apoio da Secretaria do Ambiente, que beneficiará4.000 mil agricultores no Noroeste Fluminense em atividades agroflorestais de recuperação de microbacias. O ZEE fornecerá diretrizes de uso, por tipo de solo, disponibilidade hídrica e acessibilidade.


Com a participação dos diversos segmentos sociais, o ZEE introduzirá os princípios do planejamento e do desenvolvimento sustentado, integrado às regiões. Precisamos ter consciência de que a grave ameaça do deserto cinza exige propostas e ações urgentes que revertam o avançado estado de degradação e abandono dessas regiões.

4 comentários:

Anônimo disse...

Boa tarde,

Não tinha lido sua entrevista ainda, gostei das palavras do secretário.

Concordei com muita coisa, inclusive com a afirmação de que o noroeste está se desertificando, isso é uma realidade, nossa região encontra-se cada vez mais seca, menos produtiva e muito mais degradada...

Alguns estudiosos ditam ter sido as monoculturas do passado, como a cafeicultura desorganizada e sem planejamento por exemplo, as responsáveis por esse deterioramento acentuado de nossos solos....

Concluindo, não acho o cultivo do eucalipto a melhor opção, mas acredito, que diante das atuais condições, ser a melhor escolha no momento...

Falo por experiencia propria, areas totalmente descobertas e assoreadas tiveram uma grande melhoria com o plantio d eeucaliptos, com a produção de uma "serrapilheira" com bastante material orgânico e biodiversidade animal.

Além disso, temos que evitar as temíveis queimadas, incentivar a rotação de culturas, o manejo adequado das pastagens, evitar o pisoteamente excessivo, plantio de matas ciliares, evitar a contaminação de nossos lençois freáticos, etc...

Enfim, Não espere precisar para preservar...

O que destruimos hoje será aquilo que nos faltará no amanha!!!

Abração a todos!!!!

Aluisio Puglia

Unknown disse...

Como a política nos tras surpresas. Hoje pala manhã no Bom Dia Brasil Minc disse que o Cabral pediu para ele não sair, e ele disse, que não sairia. Hoje é anunciado como novo Ministro. Vai entender...

Anônimo disse...

PS: Tenho certeza que Minc vai desempenhar um excelente papel no lugar da ex-ministra Marina Silva, essa incompetente demorou pra sair desse importantíssimo cargo!!!

Abração.

Aluisio Puglia.

Unknown disse...

Olha Aluisio,
Vou torcer muito pelo Minc principalmente pela sua competência e por ser mais um do Estado do Rio a fazer parte do senário político nacional.
Mas hoje vi uma entrevista dele dizendo "Eu conheço bem o Rio mas o Brasil conheço pouco" confesso a vc que fiquei com uma pulga atrás da orelha, porque o principal ou um dos principais problemas ambientais do Brasil no momento e o desmatamento da Amazônia.