MATADOURO DE MIRACEMA 1

Fotos meramente ilustrativas, não são do matadouro de Miracema e foram retiradas da internet

A velha máxima já dizia: um problema puxa outro. Pois é. Isso aconteceu no caso do lançamento de sangue pelo Matadouro de Miracema no Ribeirão Santo Antônio. Ao estudarmos o problema, acabamos chegando à conclusão de que o matadouro é um problema muito maior que o lançamento de sangue e dejetos no ribeirão.

O matadouro de Miracema é desprovido dos mecanismos mínimos exigidos para seu funcionamento regular. Essa informação foi obtida quando analisei ações civis públicas propostas pelo Ministério Público em diversos cantos do Brasil. Faça você mesmo o teste. Procure num site de busca com as palavras "matadouro clandestino". Vários resultados indicarão para petições em arquivo PDF, disponíveis para a consulta. Numa delas há identidade total de fatos com o caso de Miracema, bastaria que algum membro do Ministério Público substituisse os nomes e ajuizasse a ação, impedindo o funcionamento do matadouro de Miracema, que, na verdade, não é clandestino.

O maior e mais grave problema de Miracema é a falta de um refrigerador ou resfriador dentro do matadouro. A lei e as normas sanitárias, exigem que a carne saia do matadouro resfriada em, no máximo, 7 graus centígrados. Como em Miracema não há resfriador, a carne sai com temperatura ambiente, variando de 35 graus centígrados para mais. Lembre que o clima em Miracema é sempre nessa média. Essa regra consta da Portaria do Ministério da Agricultura nº 304/1996.

A falta de refrigeração e de fiscalização federal (uma vez que a prefeitura não aderiu ao plano nacional de defesa sanitária, segundo email do Ministério da Agricultura), gera elevado risco de contaminação por inúmeras doenças (as temidas zoonoses), perigo que paira sobre toda a população da cidade de Miracema, que consome a carne oriunda do matadouro. Dentre as doenças, às quais ficam expostos estes consumidores (ou vítimas), estão a artrite infecciosa, carbúnculo hemático, coriza gangrenosa, encefalomielites infecciosas, enterites septicêmicas, linfagite ulcerosa, turberculose, peripneumonia contagiosa, raiva e pseudo-raiva, neurocisticercose, leptospirose, toxinfecção alimentar e toxoplasmose.

Várias doenças podem ser transmitidas através do consumo da carne. Podemos classificá-las em três grupos: a) como doenças que pode instalar-se no homem a partir de animais infectados, como a tuberculose e a brucelose; b) as doenças parasitárias como as teníases, que podem acometer o homem devido ao consumo de carnes bovinas ou suínas com cisticercose; e, c) toxinfecções alimentares, de origem microbiana, ocasionadas pelo consumo de carnes contaminadas com bactérias patogênicas como Salmonella, Shigella, Staphylococcus, Clostridium botulinum e Clostridium perfringens .

Com a palavra a Prefeitura de Miracema!!!