quinta-feira, 17 de março de 2016

VIOLÊNCIA E IMPUNIDADE CAMINHAM JUNTAS NA DEGRADAÇÃO DA SOCIEDADE - Ademir Tadeu

A violência que assola o nosso país tem em sua causa maior a IMPUNIDADE. Quando não se tem punição, abre-se a perspectiva que outro também o faça, sem nada a temer.  Alguns quando são presos tiram sarro e ironizam que logo estarão soltos novamente, principalmente aqueles denominados “dimenor”. A polícia até faz a sua parte, mas as nossas leis precisam ser mudadas, pois as existentes são ultrapassadas e cheias de brechas. 
Quer "dor maior" para uma família que perde um ente querido atropelado por um motorista embriagado? Digo "dor maior", pois o infrator paga uma fiança e vai responder o processo em liberdade, processo esse que geralmente não dá em nada. E a vítima? A “dor” da família e inafiançável. Dei o exemplo do motorista bêbado, pois é um fato que continua acontecendo com muita freqüência, tanto quanto, o crime contra a mulher, que tem um índice altíssimo em nosso país. Em 2015, as estatísticas mostraram que a cada oito minutos uma mulher sofre um tipo de agressão. E a Lei Maria da Penha? Sobre o “dimenor”, eles estão podendo tudo.
Posso ser questionado que, apesar da impunidade, temos muitos condenados e presos. Reconheço que temos, mas poderia ser muito maior, principalmente se tivéssemos uma reformulação no nosso Código Penal, que é vigente desde 1940, criado pelo então presidente Getúlio Vargas. Revisões posteriores foram feitas, mas não o bastante para punir com mais rigor o infrator, pois o maior punido continua sendo a vítima. Projetos para uma reforma política e judiciária já existem, mas caminham a passos de tartaruga, muitos deles engavetados, e um dos motivos da obstrução todos nós já sabemos: não é de interesse de grande parte da classe a aprovação de reformas, mais precisamente as políticas, que podem diminuir suas benesses, que não são poucas.
Dentro do tema violência, não podemos deixar de citar a “violência moral” que assola os homens públicos desse país. No mês de fevereiro que passou, após ter exaurido o prazo de sua prisão temporária, o Senador Delcídio do Amaral, retornando às suas atividades no Congresso, afirmou que “entregaria os colegas caso fosse cassado.” Foi revoltante a declaração do Senador, que para o bom entendedor, só confirma o seu envolvimento e de mais uma dezena, ou seria centenas, de colegas com o rabo sujo e preso.
No entanto, no início do mês de março, em uma delação premiada do próprio Senador Delcídio, que a revista “Isto É” antecipou, causou um “tisunami” em Brasília, mais precisamente no alto escalão do governo, sendo citada, com detalhes minuciosos, a participação do ex-presidente Lula e de Dilma Roussef, tentando interferir na condução das investigações da Lava-Jato. Outras denúncias gravíssimas contra os dois são relatadas em quase 400 páginas que rendeu a delação. Delação essa que já foi homologada pelo STF.
O ápice da “crise moral” ocorreu no dia de ontem, quando o ex-presidente, que também está sendo investigado, assumiu um ministério. O Brasil está totalmente desgovernado!    

Esperamos que a Operação Lava-Jato seja um divisor de águas em nosso país. Por si só, a operação já é um marco no direito penal, naquele que pode ser um dos maiores escândalos de corrupção da história do Brasil, com um grande esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Uma luz no fim do túnel nos mostra que ainda existem “homens públicos” nos quais podemos confiar. 

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