domingo, 27 de março de 2016

AONDE FOI PARAR O FUTEBOL-ARTE DO BRASIL? - Ademir Tadeu

É um questionamento que fazemos e ouvimos com freqüência na mídia.

A década de 80 foi a última que apresentou um futebol bonito de se ver, com jogadores de muita qualidade técnica. Os times atuavam com apenas um volante – que sabia jogar – dois meias de criação e três atacantes. Uma das grandes carências do futebol atual é o camisa 10, aquele ponta-de-lança clássico que chama a responsabilidade para criar e também conclui com a mesma precisão. O Zico, citando apenas um de muitos que tivemos, fazia essa função com muita perfeição. O ataque é outra carência para um país que já produziu os maiores atacantes da história do futebol mundial.

Não ganhamos a Copa de 82, mas aquele time até hoje é lembrado e reverenciado por todos. O ex-jogador e atual técnico Paulo Roberto Falcão, em relação à derrota da seleção na Copa de 82, disse o seguinte: “Acho que o futebol teria mudado se o Brasil tivesse ganhado a Copa do Mundo de 82. Predominaria o futebol técnico, de habilidade, coisa que não predominou.”

A partir dos anos 90, mesmo com o Brasil ganhando duas Copas do Mundo – 1994 e 2002 – e foi a década da afirmação de Romário e o surgimento de Ronaldo Fenômeno, não conseguiu mais apresentar um futebol coletivo que encantasse, não só a nós brasileiros, mas a todos os amantes do esporte mundial, que sempre teve o Brasil como referência do bonito de se ver e praticar. Reconheço a importância dos títulos, pois é o que fica marcado na história, e temos que valorizar – e muito – as duas conquistas. O título de 94, por exemplo, foi de um futebol pragmático, para uma competição de tiro curto, que também deu resultado pela genialidade do atacante Romário, que não ganhou o título sozinho, mas foi o ponto de desequilíbrio.  

Na última década tivemos Ronaldinho Gaúcho com momentos de genialidade no Barcelona, onde encantou a todos e acabou sendo eleito o melhor jogador do mundo. Na década atual, Neymar é o grande nome do futebol brasileiro. Já mostrou que é craque e agora busca na Europa a sua afirmação e consagração definitiva para entrar na lista dos gênios da bola. Ele joga no time que pratica com mais perfeição o que chamamos de futebol-arte, e tem como companheiro o maior “artista” da atualidade, o gênio Messi.  

O que temos por aqui atualmente? Um futebol cheio de volantes brucutus e falido administrativamente, com os clubes endividados e dirigentes aproveitadores. As exceções existem – apesar de raras – para um país que tem no futebol o seu esporte nº 1. Dentro de campo, o que estamos assistindo nos jogos dos campeonatos regionais é de dar pena, tamanha a mediocridade apresentada pela quase totalidade dos times. A nossa “crise” é técnica, tática, administrativa, financeira, moral e etc.

A participação na Libertadores de 2016 pode ser mais um vexame para os times brasileiros. Ainda é um pouco cedo para afirmações, mas as rodadas iniciais são preocupantes.

Termino fazendo uma indagação a você, leitor, que acompanha futebol e tem o seu time de coração: está satisfeito com o que vem assistindo ultimamente? Mesmo com o seu time campeão, acredito que o futebol apresentado não é o que você desejaria ver.


O que vemos pela frente é sombrio... 

3 comentários:

Yussef Damian Sefinho disse...

Exatamente não sei te dizer, mas posso ajudar na procura, quem sabe no terrerão, no campinho baldio, nas quadras de cimento, na garotada descalça, quem sabe? Na qualidade do olheiro, quem sabe? No professor tático, quem sabe? No papai e na mamãe que querem a gurizada jogando no Barcelona Y ou no Chelsea Z ou na China B, antes de jogarem no Goytacaz, quem sabe?

TADEU MIRACEMA disse...

Muito pertinente a sua colocação, amigo Sefinho, pois, juntando tudo isso podemos encontrar uma resposta. A falta do terrerão, do campinho e das quadras, são um dos grandes fatores.

lenine nunes disse...

Não temos mais jogador como outrora.