sexta-feira, 4 de março de 2016

AMADORISMO X PROFISSIONALISMO - Ademir Tadeu

O título é de um fato ocorrido em janeiro de 1933. No entanto, 83 anos depois parece que o amadorismo ainda perdura pelos lados do nosso futebol. As cabeças pensantes que dirigem a entidade e as agremiações não conseguem se entender.  Mudam-se as pessoas, mas o sistema é arcaico e ditatorial. Eles são confusos não é de hoje!
Vamos aos fatos:
Até 1932, todos os clubes eram oficialmente amadores, embora muitos praticassem o chamado amadorismo marrom. Liderados pelo Fluminense, clubes cariocas como o América, Bangu e Vasco – aos quais se juntaria, meses depois, o Flamengo – criaram a Liga Carioca de Football, assumidamente profissional, dissidência da Associação Metropolitana de Esportes Atléticos, assumidamente amadora. Entre os grandes clubes, o Botafogo ficou sozinho na Associação. Por isso, as temporadas entre 1933 e 1936 tiveram dois campeões: em 1933, Bangu (Liga) e Botafogo (Associação); em 1934, Vasco (Liga) e Botafogo (Associação); em 1935, América (Liga) e Botafogo (Federação); em 1936, Fluminense (Liga) e Vasco (Federação).
Devido a uma discórdia entre Vasco, de um lado, e Flamengo e Fluminense, de outro, o time vascaíno abandonou a LCF em 1935. O Vasco, então, aceitou uma proposta do Botafogo para formarem uma nova entidade, a Federação Metropolitana de Desportos, que substituiu a AMEA (Associação Metropolitana de Esportes Atléticos), como a liga reconhecida pela CBD. Seguindo o caminho do Vasco, o Bangu e o São Cristóvão também se transferiram da LCF para a FMD, enquanto que a Portuguesa seguiu o caminho inverso, trocando a AMEA pela LCF.
O assunto em questão se espalhou para São Paulo e, a nível nacional, o futebol ficou dividido entre a “amadora” Confederação Brasileira de Desportos e a rebelde Federação Brasileira de Football. As duas entidades só seriam unificadas em 1937, com a vitória do profissionalismo

Voltando um pouco ao ano de 1924, onde ocorreu a primeira dissidência no futebol do Rio, clubes na época aristocráticos, como Flamengo e Fluminense, abandonaram a LMDT e fundaram a Associação Metropolitana de Esporte Atléticos (AMEA). Outros clubes foram admitidos na AMEA, sob condições baseadas em discriminação racial e social. Ao Vasco, foi exigido que 12 jogadores fossem afastados, por não atenderem aos requisitos impostos pela AMEA. Diante do ultimato, o presidente do Clube, José Augusto Prestes, assinou um ofício no dia 7 de abril, que ficou famoso na história do futebol carioca e brasileiro, desistindo de participar da nova liga criada. Campeão do ano anterior recusou-se a satisfazer estas condições indignas e preferiu não se filiar à AMEA, permanecendo na LMDT ao lado de outros clubes pequenos. No ano seguinte, entretanto, a AMEA abandonou o preconceito e os clubes da divisão principal da LMDT ingressaram na AMEA. Este episódio foi decisivo para a extinção do racismo no futebol carioca. Os campeões de 1924 foram o Fluminense (AMEA) e o Vasco (LMDT).   

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